PERFIL DE LIDERANÇA ESPIRITUAL


PERFIL DE LIDERANÇA ESPIRITUAL
1 Reis 13; Mc 10:45; 1 Co 4:14-15.
Pr. Rubens Janiêr

INTRODUÇÃO

Liderança espiritual é uma arte que requer de quem exerce posição hierárquica uma vigilância permanente de suas ações para que não se perca de si mesmo a visão do exemplo de Jesus que não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida (Mc 10:45) Quem lidera pode ser tentado pelo poder da posição a usar de autoritarismo e tirania, impondo ou exigindo direitos sem reconhecer sua responsabilidade ou obrigações.


A Bíblia apresenta alguns estilos de liderança através de atitudes comportamentais diante de certas situações, tais como: desafios, pressões, necessidades, conflitos, missão ou encargo, relacionamentos, crises e prosperidade financeira, além de outros fatores.

No livro de Primeiro Reis encontramos dois perfis de liderança: O estilo “Homem de Deus” e o estilo “Profeta Velho”. Nas cartas de Paulo encontramos alguns perfis nos quais o apóstolo se destaca com o estilo Pai Espiritual ou Paternalista, mas também como Líder Servidor.

1. O Perfil de Liderança Homem de Deus.

O texto bíblico apresenta um homem que recebeu um encargo da parte do Senhor para cumprir sua missão de profetizar contra quem recebeu uma bênção da parte do Senhor, mas resolver servir outros deuses (1 Rs 13:1-10).

A atuação do Homem de Deus foi de profundo impacto no primeiro ato de obediência ao Senhor, o que permite descrever algumas características desse estilo de liderança: Ele é motivado e visionário. Sonha com seu líder e participa do crescimento da obra de Deus cooperando com seu trabalho e finanças, não sendo um peso ou fardo para ele, pois consagrou sua vida ao Senhor e se submete, tendo seu líder como um companheiro de jugo. Ele tem sempre uma palavra para compartilhar porque tem uma vida na presença de Deus, tendo sempre humildade para reconhecer seus erros, mas precisa do discernimento para não sair da direção do Senhor sem desobediência a sua palavra, agindo de forma indecisa e sem firmeza pelo que já sabe, por achar que terá muito tempo de ministério para aprender.

2. O Perfil de Liderança “Profeta Velho”.

O Profeta Velho deveria ser uma voz profética no reinado de Jeroboão, pois o rei não reconheceu a oportunidade de reinar e conduzir a nação de Israel para Deus ao servir a outros deuses e consagrar até sacerdotes. Por que a Bíblia discorre sobre o Profeta Velho em vez de Velho Profeta? Porque a função ministerial envelheceu sem utilidade das experiências para dar suporte a quem estava iniciando sua jornada ministerial. É alguém incapaz de aceitar o novo por temer ser “engolido” por quem está iniciando.

O perigo que ronda a vida do estilo de liderança Profeta Velho é pensar que se estabeleceu em um lugar, onde a palavra de Deus deixou de ser sua prioridade, já que tal lugar se tornou seu campo missionário e ninguém mais, poderia profetizar, porque iria lhe comprometer, haja vista que perdeu a visão daquilo que deveria dirigir sua vida, a palavra de Deus. Por que Deus mandou uma pessoa de fora do lugar e não usou o Profeta Velho? Depois de anos ele não desenvolveu novos ministros para dar continuidade à sua liderança, após ser estabelecido ali, pois se tornou apenas “matador de ministérios”.

O Profeta Velho agiu maliciosamente para comprometer seu companheiro ministerial, e interromper seu ciclo de liderança ao induzi-lo a desobedecer à palavra do Senhor, por ter mais experiência ministerial, quando deveria dar o suporte necessário em sua missão. Ele deveria procurar saber o motivo porque não estava sendo mais usado naquele campo de atividade espiritual pelo Senhor. Ele perdeu sua função, porém sabia que, se o Senhor falou se cumpriria (1 Rs 13:11-32).

3. O Perfil de Liderança Pai Espiritual.  

Dentro da literatura secular organizacional da administração se trabalha diversos conceitos de liderança, sendo o estilo Paternal ou Paternalista um deles. Diz a literatura que o líder paternalista estreita os relacionamentos com a equipe, construindo laços emocionais. Mas, esse modelo de liderança, diferentemente de muitos outros, não é orientado para os resultados, o que pode se transformar em risco aos negócios. O líder paternalista baseia sua gestão em questões sentimentais, deixando de lado a meritocracia e as avaliações imparciais. Também tem dificuldade em exigir mais rendimento, em dar feedbacks negativos e a cobrar metas (sejam elas individuais ou coletivas). Dessa forma, exatamente por não contar com neutralidade nos julgamentos, sua liderança acaba atrapalhando o desenvolvimento da equipe e prejudicando os indicadores de desempenhos.

Vemos que Paulo exerceu esse perfil de Liderança como Pai Espiritual confirmado por diversos textos, mas sem o ponto fraco extremo da literatura secular. Há outros exemplos citados na Bíblia. Vejamos:

a) Deus: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, por ventura, não nos dará com Ele todas as coisas?”(Rm 8:32).

b) Abraão: “... pai de todos os que creem”. “Por pai de muitas nações te constituí” (Rm 4:11,17);

c) Jacó: “És tu, porventura, maior do que nosso pai Jacó, que nos deu o poço,...” (Jo 4:12).

d) Paulo: “meus filhos, por quem de novo sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós” (Gl 4:19). “Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar, mas para vos admoestar como filhos meus amados. Porque ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu pelo evangelho vos gerei em Cristo Jesus” (1 Co 4:14-15).

Paulo Podia até está velho fisicamente, mas não exercia uma liderança estilo “Profeta Velho” como vemos a seguir: “As cartas, com efeito, dizem, são graves e fortes; mas a presença pessoal dele é fraca, e a palavra, desprezível. Considere o tal isto: o que somos na palavra por cartas, estando ausentes, tal seremos, em atos, quando presentes(2Co 10:10-11).  

Os pais investem nos filhos; entesouram para eles; deixam herança aos filhos; forjam seu caráter para terem bom futuro de crescimento para perpetuar seu nome sobre a Terra (Pv 13:22). E como filho, deve-se obedecer e honrar seus pais, seja ele físico ou espiritual, por ser uma ordenança do Senhor para que a bênção se perpetue, e não a maldição (Ef 6:1-3).

Paulo destaca em meio às crises enfrentadas o suprimento financeiro recebido das igrejas que ele fundou, pois essas igrejas eram a extensão do seu ministério (2 Co 11:9). Vejamos o que ele escreveu a Filemom: “prefiro, todavia, solicitar em nome do amor, sendo o que sou, Paulo, o velho e, agora, até prisioneiro de Cristo Jesus”(Fm 1:9).

4. Aplicação – Paulo no Perfil Líder Servidor.

A liderança servidora se apoia no preceito de que liderar é servir. E, na prática, servir aos liderados significa estar disponível para ouvir, orientar e ajudar. Esse estilo engloba ainda uma série de outros fatores, como a real preocupação com o bem-estar dos colaboradores e a identificação das necessidades da equipe. O líder servidor compartilha conhecimentos, incentiva o aprendizado e oferece desafios, baseando-se na capacidade de influenciar e fazer com que os colaboradores pensem, avaliem e criem opiniões, tornando-se mais atuantes e participativos. Por ser uma liderança orientada ao ser humano, apresenta resultados sólidos e duradouros.

Como filhos, devemos honrar a quem nos gerou para o ministério participando tanto da alegria como do sofrimento, ou seja, assim dos privilégios como dos deveres (2 Co 2:4; 2 Tm 2:1-3; 3:10-11), procurando amenizar a dor e escassez de recursos ou perda pessoal, financeira ou social de quem investiu em nosso crescimento ministerial. Paulo colhia os frutos do seu investimento nas “Igrejas Paulinas” que gerou.

Paulo teve resposta daqueles que reconheceram sua paternidade apostólica como fruto do seu trabalho e ministério, ao contribuírem financeiramente para suprir suas necessidades e sustento ministerial.

“Todavia, fizestes bem em tomar parte na minha tribulação. E sabeis também vós, ó filipenses, que, no início do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo, no sentido de dar e receber, senão unicamente vós outros; porque estando eu ainda em Tessalônica, mandaste não uma só vez, mas duas, para suprir as minhas necessidades. Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a vossa conta. Recebi tudo; e tenho abundância; estou suprido, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus. E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades” (Fl 4:14-19).

No Capítulo 16 de Coríntios ele orienta a igreja a fazerem como ele ordenou as igrejas da Galácia.

CONCLUSÃO

Qual é seu perfil de Líder Espiritual? Será que tem desobedecido à palavra do Senhor deixando de cumprir sua missão com zelo e dedicação? Seu Líder Espiritual tem dificultado a consolidação do seu ministério, como se só ele, exclusivamente, com sua casa ou família, tivesse o direito a desfrutar dos resultados do evangelho, sem oportunizar a mais ninguém, entrar para o santo ministério?

Será que seu Líder Espiritual tem o estilo de Paulo que se sacrificou como Pai Espiritual e Líder Servidor em favor dos seus filhos na fé e ministérios para que crescessem e prosperassem? Assim como Paulo pode ser apoiado em sua visão ministerial e pessoal, seu Líder Espiritual pode esperar sua ajuda em sua visão ministerial, necessidades pessoais e crises financeiras?

Sua resposta com a atitude correta vai demonstrar se você tem o perfil de um Homem de Deus, que tem seu ministério interrompido precocemente, o perfil “Profeta Velho” que mata o nascimento de novos ministérios, ou o estilo de um Pai Espiritual e Líder Servidor, que se sacrifica para gerar novos filhos do ministério com atitude responsável.

Portanto, saiba que o que você semear, vai colher, por ser uma lei universal de semeadura e colheita.

O Senhor levantou outro profeta para tratar com o rei Jeroboão e o “Profeta Velho” teve sua história silenciada, por não aproveitar o vasto campo missionário a sua disposição.

Qual desses estilos de liderança espiritual se parece com você, se é que você já conseguiu estabelecer seu ministério ao Senhor? Responda pra si mesmo.


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Pr. Rubens Janier
IDPB Terra Nova
Manaus, 01 de abril de 2017

Ministrada na IDPB Monte Horebe

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