Rocha de Gelatina
Rocha
de Gelatina
Extraído de “Como Viver com sua Consciência sem Enlouquecer”, por Joel
A. Freeman (Editora Candeia, esgotado).
Por Joel A. Freeman: Postado por Revista Impacto em 19 set, 2011
em Matéria de
Capa, Medo: O Precipício Entre Nós e a Vontade de Deus
1. Gelatina.
Um amigo
meu a chama de “pudim nervoso”. No estado líquido, ela pode ser derramada numa
forma. Quando se torna firme, está na hora de servir. Se tocarmos no prato ou
se a mesa balançar, ela sacode e treme, mantendo porém sua forma original.
Somos todos
como a gelatina. De um lado, somos seres frágeis – sempre a um fio de cabelo da
insanidade. Enquanto do outro, somos um bando obstinado e rebelde.
Nós nos
esforçamos a cada dia para entrar no molde do mundo. A confiança parece
transpirar de cada um de nossos poros. Tentamos projetar uma imagem do tipo
estou-por-dentro-de-tudo, e sou imbatível.
Nosso mundo
interior é outra história. Ele se caracteriza por suposições, insegurança,
emoções instáveis. Somos meninos e meninas amedrontados numa sociedade “adulta”
e impiedosa, tentando mover-nos pela vida sem receber um número excessivo de
golpes psíquicos contra a nossa auto-estima.
Todos nós
experimentamos esta dicotomia em vários graus de intensidade. Empenhamo-nos em
manter o equilíbrio – e como ele é precário. Um ataque cardíaco, um revés nos
negócios ou qualquer outra crise pode mudar nossas prioridades e toda nossa
perspectiva de vida instantaneamente.
Somos como
a gelatina – tremendo e sacolejando através da existência. Quando confiamos em
nosso talento, habilidade, conhecimento ou experiência, estamos procurando
encrenca. Qualquer circunstância que atinja 9,3 na escala Richter pode
enviar-nos tremendo e sacudindo, para a próxima década, em estado de puros
destroços emocionais, escondidos por trás de máscaras de força e segurança.
Precisamos de um sistema de apoio que vá além daquilo que podemos tocar,
saborear, ver, ouvir ou cheirar.
2. Nosso Sistema de Apoio
Existe uma
chave para o andar bem-sucedido do cristão que freqüentemente é
esquecida: O temor do Senhor. Sem ele, passamos pela vida tolerando
a autopiedade, a falta de integridade, a tendência para racionalizar e uma
consciência perversa. Com ELE, tornamo-nos tesouros especiais para Deus,
vivemos com satisfação e evitamos inúmeros problemas.
Antes de
continuar, vamos esclarecer algo sobre temer ao Senhor. Não estou falando de um
medo que produz tormento e servidão. Esse temor não tem efeito duradouro. Ele
pode oferecer um ímpeto momentâneo necessário para que o indivíduo ande
corretamente, fale corretamente, vista-se corretamente e cheire corretamente
durante algum tempo, mas não consegue reprimir a depravação humana de forma
duradoura.
O temor de
que falo é algo bem diferente. Considere este exemplo: Tenho medo dos fios
elétricos, porém não fico acordado à noite com o pânico de Sexta-feira 13,
parte VII, não fico aterrorizado pelo pensamento do terrível potencial da
eletricidade para mutilar, matar e destruir. Em lugar disso, sempre que acendo
a luz, ligo o rádio ou tomo um banho quente, aproveito o fornecimento da
eletricidade que foi transportada para a minha casa através das linhas de
força. Tenho grande respeito por elas: não estou nem um pouco interessado em
sair agora, colocar uma escada de alumínio contra os fios elétricos, subir e
golpeá-los repetidamente com um terçado. Isso jamais!
Você está
entendendo? O temor do Senhor é um temor sem tormento; ao mesmo tempo, todavia,
é reverente. Confiamos no Senhor e tiramos proveito de sua provisão momento a
momento.
Falta,
porém, a essa definição um ingrediente essencial. Ela não inclui o poder e a
importância que estão por trás do temor do Senhor.
Esta é uma
definição mais completa do temor do Senhor: a percepção constante de que estou
na presença de um Deus santo, justo e todo-poderoso, e que todo pensamento,
palavra e ato está sendo observado e julgado por ele.
Pense um
pouco. Se você vivesse a realidade diária de que Deus observa tudo o que faz,
pensa e diz, e que algum dia estará diante dele, de que forma isso afetaria o
seu estilo de vida atual? Como isso atingiria o conteúdo das suas conversas?
Que atitudes seriam corrigidas? E justamente aqui que a teoria será testada.
3. As Muitas Faces do Medo
Como seres
finitos, vamos sacudir e tremer de qualquer modo; portanto, podemos também
tremer na presença dele, reconhecendo nossa fragilidade, removendo nossas
máscaras e recebendo sua força. Essa é a única maneira razoável de viver!
Existem
algumas coisas que podemos fazer para aprender a temer ao Senhor. Uma delas é
discernir o propósito das palavras usadas nos idiomas originais para descrever
os vários aspectos do medo e descobrir como se aplicam ao temor do Senhor.
4. Tremor
Um exemplo
vívido de tremor no Antigo Testamento ocorreu quando o poderoso rei Belsazar
viu uma enorme mão aparecer, acabando com a sua festa e escrevendo palavras
ameaçadoras na parede.“Então se mudou o semblante do rei, e os seus
pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus
joelhos batiam um no outro… ” (Dn 5.6-9).
Outra boa
ilustração de tremor é a descrição de como os guardas romanos reagiram ao anjo
que afastou a grande pedra da entrada da sepultura de Jesus. “O seu
aspecto era como um relâmpago, e a sua veste alva como a neve. E os guardas
tremeram espavoridos, e ficaram como se estivessem mortos” (Mt
28.3,4).
5. Espanto
O hebraico
Shâmêm significa “espantar, estupefazer, destruir, entorpecer até um estado de
confusão mental”. Quando confrontado por um evento espantoso, o indivíduo
estupefato fica incapaz de falar.
Paulo
encontrou uma “pequena distração” ao viajar para Damasco, a fim de perseguir os
cristãos. Uma luz do céu brilhou repentinamente ao seu redor e ele caiu por
terra, ficando como morto. Paulo mal pôde pronunciar as palavras: “Quem és tu,
Senhor?” Seus companheiros de viagem ficaram atônitos, enquanto observavam a
cena.
O profeta
Zacarias disse: “Que todos se calem na presença do Deus Eterno, pois
ele vem do seu Santo lugar para morar com o seu povo” (Zc 2.13, BLH).
6. Pavor
O pavor
(pâchad, no original hebraico) é experimentado quando a pessoa tem um
sentimento de extrema inquietação enquanto espera que ocorra sofrimento, perda
ou qualquer outro tipo de dano pessoal. O pavor mantém o nível de adrenalina
alto por um período mais longo do que o susto.
O profeta
Isaías foi advertido por Deus no início do seu ministério: “Não fiquem
assustados nem tenham medo daquilo de que o povo tem medo. Pelo contrário,
fiquem assustados por minha causa e tenham medo de mim, pois eu, o Eterno, o
Todo-poderoso, sou santo” (Is 8.12,13, BLH).
Deus e sua
demonstração de autoridade causaram tanto pavor em Isaías que ele jamais
desejou experimentar o juízo de Deus, provocado pelo pecado pessoal. Todavia,
se estamos andando em obediência, nossa perspectiva de vida é otimista e nunca
temos de apavorar-nos com o que ele poderia nos fazer. Que liberdade!
7. Desalento
O termo
hebraico châthath descreve a pessoa que fica “desnorteada (mentalmente) pela
confusão e pelo medo”. A pessoa desalentada perde a confiança e a coragem a
ponto de desmaiar.
Daniel
jejuou por um longo período de tempo. Ele não comera comidas gostosas nem
penteara o cabelo. No 21 ° dia, ele não passava de um profeta com aparência
selvagem andando pelas margens do rio Tigre. De repente, levantou os olhos e
viu alguém cujo rosto era tão brilhante quanto um relâmpago. Os homens em sua
companhia não viram nada, mas ficaram aterrorizados com o poder que sentiram e
fugiram para se esconder. Ao ficar sozinho, Daniel desmaiou. Ele caiu no chão –
inconsciente. A seguir, sentiu uma mão forte levantá-lo, colocando-o sobre os
joelhos e as mãos.
A epidemia
de AIDS. A ameaça de guerra nuclear. O aumento de viciados em drogas e em
bebida. O assassinato de milhares de crianças ainda por nascer com a aprovação
do governo. Junte isso tudo com a condição aparentemente anêmica da igreja e a
hipocrisia manifesta de pregadores conhecidos. Fica então fácil sentir-se
envergonhado, abatido e desalentado.
Anime-se.
Deus disse a Josué, ao ver suas angústias interiores e preocupações
exteriores: “Sê forte e corajoso; não temas” (Js 1.9). Esta
mesma promessa atravessa o tempo e o espaço para oferecer uma provisão sob
medida para nós no século XXI.
8. Terror
O terror é
a forma mais drástica de medo, anulando as capacidades físicas e mentais da
pessoa.
Você pode
imaginar como o apóstolo João se sentiu ao ver Jesus glorificado? Cabelos
brancos. Olhos como chamas de fogo. Uma espada de dois gumes saindo da boca.
Rosto brilhante como o sol. Vestes incandescentes, com a glória irradiando de
todos os ângulos. A voz como a de uma cachoeira bramindo. A reação de João?
Terror absoluto.
Deus deve
usar algum tipo de transformador redutor em suas relações com os seres humanos.
Como seres criados, só podemos manusear “alguns Volts” de Deus de cada vez.
9. Terror ou Temor?
Como o
terror se relaciona ao temor do Senhor? Se pudéssemos ver o juízo de Deus sobre
o pecado, provocaria terror em nossos corações pensar em nosso envolvimento
pessoal com o pecado. Não há dúvidas de que Deus fala sério. Não se pode
brincar com ele. E os que zombam dos seus princípios experimentarão o terror do
seu julgamento. Isso deve motivar-nos tanto à pureza moral quanto ao
evangelismo.
O apóstolo
Paulo foi sucinto em sua explicação do que acontecerá diante do trono do juízo
de Cristo. Ele afirmou que ninguém vai escapar. A seguir disse: “E
assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos aos homens…” (2 Co
5.1 I).
Existe um
inimigo do temor do Senhor. Ele é conhecido por diferentes nomes. Negligência.
Apatia.
Como é
necessário temor do Senhor em nossos corações! Nossos padrões de moral, retidão
e sucesso mudam quando entramos na sua presença e começamos a vê-lo como ele
realmente é. E então e só então que podemos ver a nós mesmos como realmente
somos e nossa posição no esquema das coisas.
Se a nossa
auto-imagem, a nossa consciência ou o nosso conceito de integridade baseiam-se
em qualquer outra coisa além de quem Deus é, teremos problemas. Numa base
individual, devemos continuar sendo abalados até o fundo do coração com a
revelação de que Deus é santo. Não se zomba dele. Seus padrões não podem ser
rebaixados. Antes de nos tornarmos espiritualmente amadurecidos, precisamos ser
desnudados por ele para ver a nossa total depravação.
As
Escrituras transmitem-nos más notícias: somos corruptos, perversos e
enganadores. Não ficamos, porém, à mercê da depressão ou da desesperança,
porque em seguida ficamos sabendo das boas novas, os “Mas Deus…” da Bíblia.
Se
ficássemos apenas com as más notícias, todos teríamos de enfrentar várias
opções:
1. Cometer suicídio;
2. Formar novas filosofias (isto é, Deus não existe; portanto, quem se
importa? Comamos, bebamos e nos alegremos);
3. Tentar corajosamente viver de acordo com as leis de Deus sem a provisão
e o poder divinos. O fator “Mas Deus…” ataca novamente! Suas boas novas nos dão
outra oportunidade:
4. Receber a sua misericórdia e viver para ele. Provações, tribulações e
desilusão irão mesmo assim confrontar-nos a cada passo: “Mas, Deus…”
Poderíamos
dar a isso o nome de “Efeito de chave de catraca”. A chave da catraca precisa
ser torcida para trás antes de poder aplicar pressão suficiente para pressionar
ou soltar o pino. O que parece ser um movimento na direção errada é, na
verdade, um movimento para a frente ao considerar o processo como um todo.
O mesmo
acontece com o tratamento que Deus nos dá. Devemos sofrer o impacto do temor de
Deus que nos “desfaz” (um movimento aparentemente na direção errada) antes de
podermos cumprir o propósito específico para o qual cada um de nós foi
comissionado (um movimento definido na direção certa). Isto ocorre a cada novo
nível de crescimento.
Extraído
de “Como Viver com sua Consciência sem Enlouquecer”, por Joel A. Freeman
(Editora Candeia, esgotado).
Por Joel A.
Freeman
Postado por Revista
Impacto em 19 set, 2011 em Matéria de Capa, Medo: O Precipício Entre Nós e a Vontade
de Deus
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