Movimento da Rua Azusa
Movimento
da Rua Azusa
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O reavivamento
da Rua Azusa foi uma reunião de avivamento pentecostal que se deu em Los
Angeles, Califórnia, liderada por William Joseph Seymour, um pregador
afro-americano. Teve início com uma reunião em 14 de abril de 1906 em um prédio
que fora da Igreja Metodista Episcopal Afro-americana e continuou até meados de
1915. O avivamento foi caracterizado por experiências de falar em línguas
estranhas, cultos de adoração, e mistura inter-racial. Os participantes foram
criticados pela mídia secular e teólogos cristãos por considerarem o
comportamento escandaloso e pouco ortodoxo, especialmente para a época. Hoje, o
avivamento é considerado pelos historiadores como principal catalisador para a
propagação do pentecostalismo no século XX.
Avivamento
de Gales
Em 1904 aconteceu o Avivamento de
Gales, durante o qual aproximadamente 100.000 pessoas de Gales se uniram ao
movimento. Internacionalmente, cristãos evangélicos tomaram este evento como um
sinal do cumprimento da profecia do Livro de Joel da Bíblia, (Joel 2:28-31) que estava para
acontecer. Joseph Smale, pastor da Primeira Igreja Batista em Los Angeles, foi
pessoalmente a Gales para testemunhar o avivamento. No seu regresso a Los Angeles,
tentou inflamar um evento similar em sua própria congregação. Sua tentativa,
todavia, teve pouca duração, e finalmente deixou a Primeira Igreja Batista para
fundar a Primeira Igreja do Novo Testamento, de onde continuou os seus esforços.
Durante esse tempo, outros avivamentos em pequena escala estavam acontecendo em
Minnesota, Carolina do Norte e Texas. Em 1905, houve relatos de falar em
línguas, curas sobrenaturais, e uma significativa mudança de vida acompanhavam
esses avivamentos. Quando esta notícia correu, os evangélicos por todo os
Estados Unidos começaram a orar por avivamentos similares em suas próprias
congregações.
Los Angeles
William
J. Seymour, líder do Avivamento da Rua Azusa.
Em 1905, William J. Seymour, 43 anos,
filho de ex-escravos, foi um estudante do notório pregador pentecostal Charles
Parham e pastor interino de uma pequena igreja de santidade em Houston, Texas. Neely Terry, uma mulher afro americana que
participou de uma pequena igreja liderada por Julia Hutchins em Los Angeles,
fez uma viagem para visitar alguns familiares em Houston ao final de 1905.
Estando em Houston, ela visitou a igreja de Seymour, onde ele pregou que a
evidência do batismo no Espírito Santo era o falar em línguas, embora ele mesmo
não houvesse experimentado essa experiência. Terry ficou impressionada com o
seu caráter e mensagem. De volta em sua casa na Califórnia, Terry sugeriu que
Seymour fosse convidado para falar na igreja local. Seymour recebeu e aceitou o
convite em fevereiro de 1906, ele recebeu ajuda financeira e a bênção de Parham
por sua visita prevista em um mês.
Seymour chegou a Los Angeles em 22 de
fevereiro de 1906, e por dois dias pregou na igreja de Julia Hutchins na
esquina da rua Nona com avenida Santa fé. Durante seu primeiro sermão, ele
pregou que falar em línguas era a evidência bíblica do batismo no Espírito
Santo. No domingo seguinte, 4 de março, ele voltou a igreja e soube que
Hutchins fechara a porta com um cadeado. Os anciãos da igreja não aceitaram o
ensinamento de Seymour, principalmente porque ele não havia experimentado
nenhuma bênção de que estava pregando. A condenação de sua mensagem também veio
da Associação da Igreja de Santidade do Sul da Califórnia, com a qual a igreja
estava filiada. Entretanto, nem todos os membros da igreja de Hutchins
rejeitaram o ensinamento de Seymour. Ele foi convidado para se hospedar na casa
de um membro da congregação, Edward S. Lee, e ali ele começou a fazer estudos
bíblicos e reuniões de oração.
Rua Bonnie
Brae Norte
Seymour e o seu pequeno grupo de novos
seguidores se mudaram para a casa de Richard e Ruth Asberry, na rua Bonnie Brae
Norte 214. Famílias brancas das igrejas de santidade locais também começaram a
participar. O grupo se reunia periodicamente e orava pelo batismo no Espírito
Santo. Em 9 de abril de 1906, depois de cinco semanas de pregação e de oração
de Seymour, ao terceiro dia de um jejum de 10 dias, Edward S. Lee falou em
línguas pela primeira vez. Em outra reunião, Seymour compartilhou o testemunho
de Lee e pregou um sermão em Atos 2:4-4
e também outras seis pessoas começaram a falar em línguas, incluindo Jennie
Moore, que mais tarde se tornaria a esposa de Seymour. Alguns dias depois, em
12 de abril, Seymour falou em línguas pela primeira vez, depois de orar toda a
noite.
Casa da
família Asberry na Rua Bonnie Brae Norte 214.
Notícias dos acontecimentos na rua
Bonnie Brae Norte rapidamente circularam entre os afro-americanos, latinos e
brancos residentes da cidade, e durante várias noites, muitos oradores
pregariam para a multidão de curiosos e espectadores interessados da varanda da
casa dos Asberry. Membros do público incluíam pessoas de um amplo aspecto de
níveis de renda e formação religiosa. Hutchins acabou falando em línguas quando
toda a sua congregação começou a frequentar as reuniões. Logo a multidão se
tornou muito grande e todos estavam falando em línguas, gritando, cantando e
gemendo. Finalmente, a varanda caiu, forçando o grupo a buscar um novo lugar de
reunião. Um morador do bairro descreveu os acontecimentos na Bonnie Brae Norte
214 com as seguintes palavras:
“Eles
gritaram três dias e três noite. Era época da Páscoa. As pessoas vinham de
todas partes. Na manhã seguinte não havia de chegar perto da casa. Assim que as
pessoas entravam elas caíam sob o poder de Deus, e a cidade inteira se comoveu.
Gritaram tanto que a base da casa cedeu, mas ninguém ficou ferido.”
Rua Azusa -
Condições
O grupo da rua Bonnie Brae acabou
encontrando um edifício disponível no número 312 da rua Azusa, que tinha sido
uma Igreja Episcopal Metodista Africana no que era então uma parte do gueto
negro da cidade. O aluguel era de US$ 8,00 por mês. Um periódico se referiu a
construção do centro de Los Angeles como um "barraco capenga." Desde
que a igreja saiu, o edifício tinha servido como casa de atacado, um depósito,
uma madereira, um curral de gado, uma loja de lápides, e havia sido usada mais
recentemente como um estábulo com quartos para alugar no andar de cima. Era um
edifício pequeno, retangular de teto plano, de aproximadamente 18 m de largura
e 12 m de comprimento, em sua totalidade de 446,52 m², coberta com ripas
caiadas. O único sinal de que fora uma casa de Deus estava numa janela de
estilo gótico sobre a entrada principal.
Sobras de madeira e gesso estavam
espalhados por todos os lados, o local parecia um galpão no andar térreo. Contudo,
o local foi averiguado e limpado para a preparação dos serviços. Eles
realizaram sua primeira reunião em 14 de abril de 1906. Os serviços
eclesiásticos se realizaram no primeiro andar, onde os bancos foram colocados
em um padrão retangular. Alguns dos bancos eram simplesmente pranchas colocadas
em cima de barris vazios. Não havia nenhuma plataforma elevada, pois o teto
tinha apenas dois metros de altura. Inicialmente, não havia púlpito. Frank
Bartleman, um dos primeiros participantes do avivamento, recordou que "o irmão Seymour normalmente assentava-se
atrás dois caixas de sapato vazias, uma em cima da outra. Ele geralmente
mantinha a cabeça concentrada durante a reunião, em oração. Não havia orgulho
lá.... Em um prédio velho, com suas vigas baixas e chão nu..."
O segundo andar na agora chamada
Missão de Fé Apostólica abrigava uma oficina e quartos para vários residentes
como Seymour e sua nova esposa, Jennie. Também tinha uma grande sala de oração
para atender o excesso dos serviços do altar de baixo. A sala de oração estava
decorada com cadeiras e bancos feitos de tábuas do California Redwood, postos
de ponta a ponta com cadeiras sem encosto.
A Missão de
Fé Apostólica na rua Azusa, considerada o berço do Pentecostalismo.
Em meados de maio de 1906, entre 300 e
1.500 pessoas tentaram se acomodar no edifício. Visto que os cavalos tinham
recentemente saído do edifício, as moscas constantemente molestavam os
assistentes. Gente de uma diversidade de antecedentes, se reuniam para adorar:
homens, mulheres, crianças, negros, brancos, latinos, asiáticos, ricos, pobres,
iletrados e letrados. Pessoas de todas
as idades ajuntaram-se em Los Angeles com tanto ceticismo e desejo de
participar. A mistura de raças e a motivação do grupo de mulheres na liderança
foi notável, já que 1906 foi o apogeu da "era Jim Crow" da segregação
racial, e quatorze anos antes das mulheres receberem o sufrágio nos Estados
Unidos.
Como e onde
eram realizados os serviços e cultos
O culto na rua Azusa 312 era frequente
e espontâneo, com serviços em quase todas as horas. Entre os que foram atraídos
ao avivamento não só estavam os membros do Movimento de Santidade, mas
batistas, menonitas, quakers e presbiterianos. Um observador de um dos serviços
escreveu estas palavras:
“Nenhum
instrumento musical foi usado. Pois não eram necessários. Nenhum coro de anjos
foi ouvido por alguns no espírito. Nenhuma oferta foi recolhida. Nenhum anúncio
foi escrito para anunciar as reuniões. Nenhuma organização eclesiástica estava
por trás disso. Todo aquele que está em contato com Deus logo que entra nas
reuniões percebe que o Espírito Santo é o líder.”
O Los Angeles Times não foi tão gentil
em sua descrição:
“As
reuniões se realizam num barraco condenado na rua Azusa, e os partidários desta
estranha doutrina praticam os mais fanáticos ritos, pregam as teorias mais
loucas e eles mesmos funcionam num estado de louca excitação em seu zelo
peculiar. Gente de color e uns quantos brancos compõem a congregação, e a noite
se torna horrorosa no bairro por causa dos uivos dos fiéis, que passam horas se
balançando para frente e para trás numa exasperante atitude de oração e
súplica. Eles dizem ter o "dom de línguas" e ser capazes de entender
este babel.”
Charles
Parham também foi afiado em sua crítica:
“Homens
e mulheres, brancos e negros, se ajoelham juntos ou caem uns sobre os outros;
uma mulher branca, talvez com riqueza e cultura, podia se ver lançada aos
braços de um 'homem negro', e permanecia firmemente assim se estremecendo e
sacudindo em uma louca imitação do pentecostes. Horrível, uma vergonha
terrível!”
A primeira edição da Fé Apostólica
afirmou uma reação comum para a revitalização dos visitantes: “Pregadores orgulhosos e bem vestidos vem
para 'investigar'. Logo o seu aspecto importante é substituído com assombro,
então vem a convicção, que muitas vezes num curto espaço de tempo você irá
encontrá-los chafurdando no chão sujo, pedindo perdão a Deus e se tornando como
criancinhas”.
Entre relatos de primeira mão estavam
testemunhos de cegos tendo sua visão restaurada, doenças curadas
instantaneamente, e imigrantes falando em alemão, yiddish, espanhol e todos
falando em seu idioma natal para membros negros sem educação, que traduziam
para o inglês por uma "capacidade sobrenatural".
Cantavam esporadicamente em uma capela
ou de vez em quando em línguas. Havia períodos de silêncio prolongado.
Assistentes ocasionalmente caiam no Espírito. Os visitantes davam seu
testemunho, e membros liam em voz alta os testemunhos que eram enviados para a
missão por correio. Havia oração pelo dom de línguas. Havia oração em línguas
pelos enfermos, pelos missinário, e todas as petições eram apresentadas por
assistentes ou enviadas por correio. Havia pregação espontânea e apelos ao
altar para salvação, santificação e batismo no Espírito Santo. Lawrence Catley,
cuja família participara do avivamento, disse que na maioria dos serviços a
pregação de Seymour consistia em abrir a Bíblia e os adoradores vindo à frente
para pregar ou testificar como eles foram guiados pelo Espírito Santo. Muita
gente continuamente gritava durante as reuniões. Os membros da missão nunca
tomaram uma oferta, mas havia um recipiente perto da porta para qualquer pessoa
que quisesse apoiar o avivamento. O núcleo básico da Missão da rua Azusa, nunca
foi muito mais que 50-60 indivíduos, com centenas e milhares de pessoas que
visitavam ou que permaneciam temporariamente ao longo dos anos.
Crenças
Charles Parham, professor de Seymour,
que é considerado um dos fundadores do Pentecostalismo
Seymour e outros avivalistas da Missão
de Fé Apostólica da Rua Azusa sustentaram cinco crenças básicas:
1. Salvação por
fé.
2. Santificação
(ou santidade) do crente.
3. Línguas como
evidência do Batismo com o Espírito Santo.
4. Cura como
parte da redenção.
5. O
"iminente" retorno de Cristo.
Charles
Parham
Em Outubro de 1906, Charles Parham foi
convidado a falar em uma série de reuniões na Rua Azusa, mas foi rapidamente
dispensado. Muitas razões podem ser dadas para sua dispensa da Azusa. Em
primeiro lugar, Parham tinha conflitos pessoais com Seymour e queria ser a
figura de autoridade principal do movimento que estava tomando lugar, mas os
líderes presidentes da Missão de Fé Apostólica demoraram em fazer algumas
mudanças em seus métodos ou liderança.
Legado
Em 1913, o avivamento da rua Azusa
havia perdido o impulso, e por volta de 1915 a maior parte da atenção da mídia
e as multidões havia ido. Seymour ficou lá com sua esposa, Jennie, pelo resto
de suas vidas como pastores da pequena congregação afro-americana, embora
muitas vezes ele tivesse feito viagens curtas para ajudar a estabelecer outros
avivamentos menores. Depois de Seymour ter morrido de um ataque do coração em
28 de setembro de 1922, Jennie liderou a igreja até 1931, quando a congregação
perdeu o edifício.
O prédio foi demolido e substituído
pelo que se tornou o Centro Cultural e Comunitário Nipo-Americano de Los
Angeles, após ter sido perdido para a hipoteca em 1938..
Bartlemam, Frank. A História Do
Avivamento Azusa. [s.l]: D’Sena.
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