Onde começa a síndrome de Lúcifer? Os Sintomas...
Onde
começa a síndrome de Lúcifer?
Os Sintomas
Como nasce e em razão de quê esse conjunto de coisas
espirituais se desencadeia? Vamos analisar as causas imediatas do surgimento da
Síndrome de Lúcifer, sem qualquer preocupação com as questões de cunho mais
filosófico relacionadas ao tema do bem e do mal.
Além do que, vale lembrar, que a Síndrome de Lúcifer tem cura
nos seres humanos. Só não tem nos anjos. A Síndrome surge como resultado da
combinação das várias causas geradoras e dos sintomas característicos presentes
na mesma pessoa ou comunidade.
1. A
INCREDULIDADE QUE GERA SEDIÇÃO
A primeira fonte histórica objetiva de onde vem essa Síndrome
de Lúcifer é a incredulidade amargurada que se crê no direito de promover a
sedição.
O maior exemplo disso é que o "Senhor, tendo libertado um povo tirando-o da terra do Egito,
destruiu, depois, os que não creram" (verso 5).
O argumento de Judas baseia-se na narrativa de Números, no
capítulo 14, dos versos 1 a 30. No exemplo em questão o que aconteceu foi que o
povo de Israel não creu no "relatório dos espias". A partir daí
desenvolveu-se uma amargura misturada com incredulidade que acabou por provocar
a ira divina. Aliás, aquela atitude já se tornara crônica, a tal ponto que Deus
disse: "Nenhum dos homens que, tendo visto a minha glória e os prodígios
que fiz no Egito e no deserto, e todavia me puseram à prova já dez vezes e não
obedeceram à minha voz, nenhum deles verá a terra que sob juramento prometi a
seus pais..." (Nm 14.22.) Assim é que muita gente vai-se tornando
dissimuladora em função da amargura o da incredulidade, da incapacidade de crer
nas promessas da Palavra de Deus. Quando isso acontece, para tais pessoas
parece que todo discurso a respeito da provisão, da proteção e do poder de Deus
não passa de um estúpido "triunfalismo suicida". Alguns conseguem
articular esse estado interior a nível de queixa, de perguntas, de argumentos e
de teologias. Quando é assim é menos ruim. Mas há aqueles que emudecem os seus
pensamentos e simplesmente agem de maneira contrária à graça de Deus e ao
Senhorio de Cristo como expressão de sua hostilidade para com Deus e suas
palavras "tardias em cumprirem-se". Portanto, devemos saber que a
amargura habita a base espiritual de todo (dissimulador. Somente a gratidão
estimula alguém à obediência. Mas em contrapartida, toda ingratidão aprofunda a
alma humana na hipocrisia, que é a máscara que esconde a "Síndrome de
Lúcifer".
2. O ORGULHO SEM
LIMITES
O segundo argumento de Judas acerca das causas psicológicas do
surgimento do espírito de dissimulação vem da vivência dos anjos. Assim como há
homens tomados pela "Síndrome de Lúcifer" também há anjos. Aliás, a
"Síndrome de Lúcifer" brotou, metafisicamente, na dimensão dos anjos.
Por isso alguns anjos ilustram muito bem esse estado de rebelião, amargura e
insurreição contra os absolutos de Deus e o Deus Absoluto, pois "a anjos, os que não
guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, ele
tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande dia" (verso
6).
A prova de que a conjugação das atitudes de Lúcifer virou
Síndrome ê que outros anjos foram posteriormente afetados pelo mesmo mal, que
se traduziu na incapacidade de conservar o "estado original" e de
manter "seu próprio domicílio", ou seja, incapacidade de limitar-se à
sua "própria dimensão". Ora, essa Síndrome se manifesta em anjos e
homens, segundo Judas. Aliás, ao ver dele, diante das últimas notícias, não
havia dúvida de que a Síndrome estava presente em algumas pessoas na igreja.
Sempre que as pessoas se rebelam ostensiva e deliberadamente
contra o "estado original" da vontade de Deus para a vida humana e
sempre que elas resolvem abandonar os limites morais, psicológicos e
espirituais que Deus lhes impõe, repete-se, a nível humano, a rebelião
primeira: a de Lúcifer.
Somos desafiados por Deus a superarmos toda perspectiva de
redução das nossas potencialidades humanas, mas não a superarmos a nossa
condição humana em si, sob pena de nos desumanizarmos.
Quando alguém começa a questionar o "estado
original" da vontade de Deus para a vida humana e os limites da vontade de
Deus para o comportamento da pessoa humana, está a caminho de criar as
condições favoráveis ao surgimento da Síndrome de Lúcifer.
3. O PRAZER QUE
SE TORNA IMPUREZA
No primeiro caso, a atitude de ingratidão e amargura gera a
incredulidade; no segundo, ela brota do orgulho e da incapacidade de aceitar os
limites do "projeto original" do Criador. Mas nessa terceira fonte de
onde, pela associação às anteriores, pode surgir a Síndrome, o problema está na
patologia do prazer.
O prazer é bom. Mas sua má administração pode adoecê-lo,
tornando o prazer imediato em antiprazer a médio e longo prazo.
Também, no primeiro caso, uma das causas da Síndrome atingiu
indivíduos humanos — "os que não creram" (verso 5). No segundo caso,
foram os anjos os contagiados pelo seu mal (verso 8).
Mas neste terceiro caso a Síndrome atinge sociedades como um
todo, "como Sodoma e Gomorra e as cidades circunvizinhas que, havendo-se
entregue à prostituição como àqueles (os anjos), seguindo após outra carne, são
postos para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição" (verso 7). Aliás,
pela própria natureza do que seja uma síndrome — um conjunto de sintomas
característicos expressos através de um padrão de comportamento gerado pelas
mesmas causas originais — é bastante provável que ela encontre espaço para
manifestar-se à vontade nos ajuntamentos coletivos. Digo isso porque os
indivíduos portadores de fatores causais e sintomas isolados, e que portanto não
são detentores da Síndrome como indivíduos, quando associados a outros que
estejam atingidos por outras causas e sintomas, podem promover através da
coletivização de suas causas e sintomas o surgimento da Síndrome a nível social
e comunitário. Nesse caso ó o psiquismo coletivo que está afetado pelo estado
de coisas caracterizadoras da Síndrome de Lúcifer.
Sodoma e Gomorra foram comunidades humanas que deram caráter
absoluto ao prazer!
Sempre que o prazer é absolutizado ele vira impureza e
degradação na medida em que para realizá-lo, todos os outros absolutos são
relativizados. É nesse ponto que aparece mais uma causa do surgimento da
Síndrome de Lúcifer: o rompimento com os princípios absolutos de Deus para a
realização do absoluto do prazer.
Portanto, vale ressaltar que qualquer teologia que enfatize
mais o direito ao prazer que a liberdade para ser santo tem em si uma das
causas da Síndrome de Lúcifer.
Os dissimuladores vêm daí dessa fonte também. Aliás, eles vêm
das três fontes. É isso que Judas tenta dizer quando relaciona entre si essas
três ilustrações — do povo incrédulo no deserto, dos anjos autônomos, das
cidades do prazer — com a consequência do seu texto, que diz: "Ora, estes
homens da mesma sorte..." (Verso. 8.) Em outras palavras, ele diz que
aqueles, acerca dos quais estava falando, sofriam exatamente do mesmo mal.
A lição que fica é fortíssima: toda ingratidão que se torna
crônica, todo orgulho que advoga autonomia e toda absolutização do prazer
podem, quando associados um ao outro, gerar a Síndrome de Lúcifer.
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Ronildo da Cruz Ribeiro
IDPB Monte Horebe
Manaus, Am 31 de janeiro de 2016
Extraído
do Livro: A síndrome de Lucifer do Rv. Caio Fábio de Araújo Filho, Editora
Betânia S/C. R. Padre Pedro Pinto, 2435 Belo Horizonte (Venda Nova), MG. Brasil
1988.
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