A igreja de portas trancadas

A igreja de portas trancadas

Era o ano de 1993, eu estava indo na direção do antigo terminal de ônibus da Avenida Constantino Nery, quando observei uma igreja que ficava bem em frente ao terminal um, o terminal mudou mas a igreja não, vi que a igreja estava trancada com umas correntes bem grossas e cadeados bem grandes, o portão embora baixo, tal qual era o muro, estava também com correntes e cadeados, dentro dos muros havia dois dobermanns. A igreja estava muito segura, mas me perguntei para que tudo aquilo?  Ali era a casas de Deus, uma casa de oração; tinha que ser um lugar de refúgio, um lugar de paz, um lugar de meditação, mas parecia um lugar que tentava se proteger de algo, de tudo e todos. Imaginei que ali houve coisas tão preciosas que deveria ficar oculta aos olhos de quem passasse. Mas existe algo mais precioso do que o amor? Do que a paz?  Do que ter um momento com o criador? O que essa igreja estava tentando proteger? Isso bem mais tarde eu descobri, ela estava em guerra. Seus líderes estavam em guerra.

Qual a missão da igreja?

“A tarefa suprema da igreja é a evangelização do mundo. A igreja que deixa de ser evangelística em breve deixará de ser evangélica. Qualquer igreja que não está seriamente envolvida a ajudar a cumprir a Grande Comissão perdeu o direito bíblico de existir” (Oswald J. Smith).

E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. i (Marcos 16:15)

A missão de evangelizar o mundo é espiritual, sobrenatural, intransferível, insubstituível e indispensável da igreja. Evangelizar é continuar a obra de Jesus Cristo. Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. o (João 20:21).  Ele é essencial para que a história da humanidade seja concretizada. E será pregado este evangelho do reino l por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim. m” (Mateus 24:14).

1. A síndrome da igreja de porta trancada

São igrejas adultas que apresentam um comportamento imaturo e que se recusam a crescer. Isso é muito claro e se reflete na vida dos seus membros através de expressões “eu prefiro uma igreja pequena porque há mais comunhão”. Quando é um novo convertido que fala, ele não sabe o que está dizendo, mas quando é uma pessoa antiga no evangelho é um reflexo da vida da igreja.
a.      Essa igreja se recusa a ser missionária;
b.      Ela não quer sair das quatro paredes;
c.      Ela não planta novas igrejas;
d.     São igrejas novas e antigas que nunca geram outras filhas;
e.      São estéreis e só pensam em si mesmas;
f.       São narcisistas – são lindas, ou se acham lindas;
g.      São igrejas que parecem viver num mundo encantado, são indiferentes.

2. O nome da síndrome

Naquele mesmo domingo, à tarde, os discípulos de Jesus estavam reunidos de portas trancadas, com medo dos líderes judeus. Então Jesus chegou, ficou no meio deles e disse: — Que a paz esteja com vocês!” (João 20:19 – NTLH)

a.      Os discípulos estavam trancados – Eles se trancaram, eles se fecharam. A porta estava trancada por dentro. Isso se dava por causa do medo das autoridades judaicas.

b.      Eles estavam traumatizados – era o trauma da crucificação. Eles estavam em profunda crise espiritual, o mestre foi crucificado, e eles perderam o sentido da vida. O que era a esperança deles morreu. Eles não sairiam para evangelizar o mundo. Eles perderam o foco missionário e estavam tendo uma crise de identidade. Hoje existem muitas igrejas que estão assim, perderam o foco missionário e estão em crise de identidade, estão fechados para a evangelização. São comunidades voltadas para si mesmas e que realizam o ministério da manutenção.

3. Os sintomas de uma igreja de portas trancadas

No domingo da ressurreição de Jesus, a sua igreja estava de portas trancadas (Jo 20:19). Uma semana depois as portas continuavam fechadas (Jo 20:26). Sete discípulos estavam dispostos a abandonar o apostolado e voltar a antiga profissão de pescadores (Jo 21:1-3). Mas por que os discípulos estavam de portas trancadas?

a.      As portas estavam trancadas por causa medo!
Os discípulos estavam com medo dos judeus (Jo 20:19). Seus compatriotas, seus irmãos, seus parentes...
Estavam com medo de sair;
Medo de pregar;
Medo de investir
Medo de ser rejeitada;
Medo de sofrer;
Medo de pagar o preço da missão – morte.
Medo de morrer.

b.     As portas estavam trancadas porque eles não estavam em comunhão com O Cristo Ressurreto!

Eles não tinham visto Jesus após a sua ressurreição;
Eles não deram crédito ao testemunho de Maria Madalena. Para os discípulos estava tudo acabado – Jesus morreu. Eles estavam angustiados e desiludidos.
Cristo estava vivo e a igreja vivia como se ele estivesse morto;
Uma igreja pode estar fechada até mesmo para o próprio Jesus;
Uma igreja que não mantém uma comunhão com Jesus Cristo perde todos os referenciais missionários, e ela se torna improdutiva (“Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem está unido comigo e eu com ele, esse dá muito fruto porque sem mim vocês não podem fazer nada” Jo 15:5).
Jesus sempre bate à porta, ele está do lado de fora e quer entrar na igreja que leva o seu nome. Ele deseja ter comunhão com os seus membros. Ele bate usando as circunstancias, e os convida usando a sua palavra – “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo” (Ap 3:20).

d. As portas estavam trancadas por causa da incredulidade!

Jesus estava vivo, mas a igreja não acreditava, por que é mais cômodo acreditar no pior. A incredulidade fecha a porta da igreja para Jesus e para a obra missionária da evangelização;

Os discípulos não creram no testemunho de Maria Madalena e nem no depoimento dos discípulos que viram Jesus no caminho de Emaús (Mc 16.9-13);

Isso aconteceu por dois motivos: 1) Incredulidade – (apistia) que significa: descrença, ausência de fé, infidelidade, e desobediência.; 2) dureza de coração – (sklerokardia) que significa: privação de percepção espiritual, teimosia, obstinação.

A incredulidade é pecado grave e ofensivo a Deus. Ele se expressa pela rejeição a Cristo, pela rejeição da Palavra de Deus, pelo questionamento do poder de Deus e pelas descrença nas promessas do Senhor.

4. As portas estavam trancadas porque a liderança passava por uma crise vocacional

Sete discípulos estavam voltando a sua antiga profissão – havia uma falta de perspectiva, mesmo depois de Jesus ter ressuscitado e aparecido a eles;

Pedro e seus companheiros haviam sido chamados para serem pescadores de homens, e voltar à antiga profissão significava desistir de ser um pescador de homens. Os discípulos estavam desistindo da vocação para a qual Jesus havia os chamados. Eles estavam doentes espiritualmente.

5. A cura para a síndrome das portas fechadas

a.      Precisamos conhecer a Jesus

Tudo começa em Jesus. Ele sempre vem ao encontro de seu rebanho que está enclausurado – de portas fechadas. Jesus após a ressurreição até a ascensão, não apareceu para os descrentes, mas somente para os seus.

Para vencer o medo, a intranquilidade, a incredulidade e as crises, precisamos contemplar Jesus. Necessitamos olhar para Jesus, ouvir a sua voz.

Quando Jesus se manifesta a igreja, três coisas acontecem: 1) Paz na intranquilidade – Paz seja convosco (Jo 20:19,26); 2) Alegria na tristeza (Jo 20:20) e 3) Dissipa toda a dúvida e incredulidade (Jo 20:27).

b.     Precisamos priorizar a missão

Jesus nos enviou – Jo 20:21
Ele nos deu autoridade – Mt 28:18-20
Ele nos ordenou, ide – Mc 16:15
Ele nos abriu o entendimento – Lc 24: 44-49
Ele nos comissionou – Atos 1:8

c.      Precisamos buscar o poder do Espírito Santo

O Espírito Santo identifica Jesus como o Messias, o Filho de Deus, o Ungido por Deus – João 1:32;
O Espírito Santo produz a regeneração, o novo nascimento – João 3:5-8;
O Espírito Santo é quem promove a verdadeira adoração – João 4:23-24;
O Espírito Santo só pode vir quando Cristo for glorificado – João 7:39
O Espírito Santo é o espírito de Cristo – é Ele que sopra sobre a sua igreja – João 20:22.


_________________________
Ronildo da Cruz Ribeiro
IDPB Monte Horebe
Borba, AM 12 de setembro de 2015
__________________________________

Bibliografia:
1.      Lopes , Hernandes Dias, Revitalizando a Igreja – Editora Agnos, São Paulo, 2012.
2.      Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Corrigida. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005



i i 16.15 Mt 28.19; At 1.8.
o o 20.21 Jo 17.18.
l l 24.14 Do reino: Isto é, do Reino de Deus.
m m 24.14 Mt 28.19; Rm 1.5,8; 10.18; Cl 1.23; 1Ts 1.8.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

UM PEQUENO RELATÓRIO DA IDPB MANAUS MODERNA RIO GRANDE DO SUL

ESSÊNCIA - DE VOLTA AO PRIMEIRO AMOR - Pr João Nunes Santana

DIA 01 - A AUTORIDADE DA INTERCESSÃO - 21 dias de oração e Jejum da IDPB